Santos realiza fiscalização para prevenir descontrole na população de pombos

Presentes em praticamente todas as cidades, os pombos fazem parte da paisagem urbana. Para muitos, o símbolo da paz pode parecer inofensivo, porém, o convívio com essas aves necessita de atenção e cuidado, podendo trazer prejuízos à saúde dos humanos. Na tarde desta segunda-feira (16), com o objetivo de conscientizar a população para o controle da reprodução dessas aves, a Prefeitura de Santos promoveu fiscalização na Fonte do Sapo (Praia da Aparecida). No local, foi encontrado apenas um foco de descarte irregular de alimento, sendo imediatamente acionada a limpeza da área.
“Estamos aqui por uma demanda de fiscalização, para verificar se há descarte irregular de resíduos, se tem oferta de alimento para que esses animais estejam aqui. Conversamos não só com os munícipes, mas também com as pessoas que têm comércio para que todo mundo se conscientize’’, explica Liseane Quadros, chefe da equipe de Informação, Educação e Comunicação (IEC) da Secretaria de Saúde de Santos.
A ajuda da população é de grande importância, seja para realizar as mudanças no ambiente ou denunciar situações para a fiscalização. No primeiro semestre de 2025,o Centro de Vigilância e Controle de Zoonoses (CCZV) atendeu 141 demandas de fiscalização com focos de pombo. ‘’Nós temos um trabalho intenso de educação e de prevenção. Em vários locais da cidade, estamos traçando estratégias para evitar que as pessoas descartem indevidamente ou ofereçam alimento a essas aves’’, completa.
CICLO
Para sobreviver e se reproduzir, os pombos necessitam de água, alimento, acesso e abrigo. Embora o primeiro elemento não seja possível evitar, os demais são. Não oferecer alimentos a qualquer tipo de ave e não jogar restos orgânicos sem o acondicionamento devido já ajuda a afastar os pombos, que costumam se concentrar em regiões onde a oferta de alimento é maior.
Não havendo comida, a ave tem a sua capacidade de reprodução diminuída e migra para outra região, em busca de melhores condições de sobrevida.
O acesso a um local que sirva como abrigo também favorece a proliferação do pombo, em especial durante o período reprodutivo e de incubação dos ovos, que dura apenas 19 dias. Os lugares preferidos para fazer seus ninhos são telhados, forros, caixas de ar-condicionado e marquises.
Para afastar os pombos destes locais, são necessárias algumas adaptações que trazem bons resultados: retirar ninhos e ovos; vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros; telar varandas, janelas e caixas de ar-condicionado; instalar trilho elétrico, passarinheiro ou cabo de aço tensionado no telhado para que não pousem.
Vale lembrar que os pombos são animais protegidos por lei e não podem sofrer maus-tratos.
CUIDADOS COM AS FEZES
As doenças mais comuns transmitidas pelos pombos aos seres humanos são provenientes de suas fezes. É o caso da salmonelose, histoplasmose e criptococose.
A salmonelose acomete a pessoa que ingeriu alimentos com resquícios de fezes de pombo contaminadas. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, falta de apetite, cólicas, diarreia com ou sem sangue.
A histoplasmose atinge o ser humano após a aspiração do fungo presente nas fezes do pombo. A doença ataca o sistema respiratório e não costuma causar sintomas em sua forma aguda. Já na forma crônica, que geralmente acomete pessoas com o sistema imunológico comprometido, provoca tosse seca, febre, dor no peito e nas juntas e inchaço nas pernas. Em casos mais severos, dá sudorese excessiva, falta de ar e tosse com sangue.
Já a criptococose pode levar à morte dependendo do tipo de fungo que acomete a pessoa após inalação. Frequentemente, atinge o sistema neurológico, causando meningite subaguda ou crônica, cujos sintomas são febre, fraqueza, dor no peito, rigidez na nuca, dor de cabeça, náusea, vômito, suor noturno, confusão mental, alterações de visão, podendo haver comprometimento ocular, pulmonar e ósseo.
Limpar as fezes dos pombos requer cuidados, já que os fungos nelas presentes não podem entrar em contato com as vias aéreas dos seres humanos. Para evitar o contágio, basta lavar o local com água clorada; jamais varrer ou usar pano seco. Pode-se ainda proteger o nariz com algum pano ou lenço
DENÚNCIAS
Pessoas que alimentam pombos; acúmulo de fezes de aves sem a devida higienização; descarte indevido de matéria orgânica que atrai pragas urbanas; locais inabitados que atraem grande número de pombos. Estas são as principais denúncias recebidas pelo CCZV que checa a informação no local dos fatos e orienta os munícipes em relação ao que deve ser feito para evitar os riscos de doenças transmitidas por essas aves.
Fotos: Carlos Nogueira
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