Economia Criativa de Santos registra crescimento de mais de 300% em empregos


Wellington Alexandre
Quando a pergunta é qual indicador dinâmico pode apontar o desenvolvimento econômico da Cidade de Santos, a resposta pode ser Economia Criativa. Acompanhando a tendência que vem se mostrando positiva em todo o País, o setor registrou aumento na criação de empregos no Município, chegando à marca de 8.175 admissões em 2024, o que representa crescimento de 305,7% desde 2015.
O destaque fica para o segmentos de gastronomia (foto) - que sozinho representou 6.931 empregos -, Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) - com 436 admissões - e Patrimônio e Artes - que representou 374 novas vagas.
“O desenvolvimento da economia criativa em Santos é um reflexo direto do talento da nossa gente e, também, das políticas públicas que priorizam o desenvolvimento dos empreendedores. Esse movimento não só impulsiona a geração de renda, mas fortalece a identidade cultural da Cidade, tornando a economia criativa um pilar estratégico para o nosso futuro”, destacou Selley Storino, secretária de Comunicação e Economia Criativa.
MAIS EMPRESAS
Os dados apontados pela Secretaria de Finanças e Gestão (Sefin), fornecidos pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), revelam também um aumento expressivo em diversos indicadores, como o número de empresas e crescimento contínuo da arrecadação municipal, o que confirma a força desse ecossistema na geração de renda e inovação.
O número de empresas da economia criativa na Cidade chegou a 21.988 em 2024, aumento de 2,64% em relação a 2023, ano em que Santos registrou 21.424 empreendimentos do segmento. A área com o maior número de registros é TIC (5.388), seguida por setores como a Gastronomia (5.066), Audiovisual (foto - 3.115), Editorial (3.554) e Música (1.198).
ARRECADAÇÃO
Esse dinamismo também refletiu na arrecadação municipal. De acordo com a Sefin, a Taxa de Licença arrecadada junto aos setores da Economia Criativa apresentou aumento de mais de 80% entre 2020 e 2024.
Já a arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) também teve trajetória ascendente, com aumento de mais de 27% no mesmo período. O setor de Arquitetura lidera a contribuição de ISS, seguido por TIC e Publicidade.
FUTURO PROMISSOR
Com números que apontam o crescimento estável e cada vez mais representatividade na economia local, a economia criativa se consolida como uma das principais apostas para o desenvolvimento sustentável de Santos.
Para dar apoio ao segmento, foram elaboradas políticas públicas, programas e ações que visam não apenas conduzir a criação de empreendimentos, mas oferecer encaminhamento e redirecionamento para os empresários criativos.
Criado em 2020, durante um dos períodos mais desafiadores da história recente, o Feito em Santos começou como um perfil no Instagram que divulgava produtos e serviços de pequenos empreendedores. Hoje, o programa se transformou em uma política pública que envolve feiras, oficinas, aceleração de negócios e programas de capacitação.
Ao longo desses cinco anos, o programa realizou mais de 150 feiras impactando seis mil empreendedores e movimentando cerca de R$ 4 milhões. O maior encontro de profissionais criativos já promovido pela Prefeitura de Santos, o Mega Feito em Santos reuniu 194 expositores.
EXPANSÃO
Localizada no Centro Histórico, a Casa do Artesão (Rua Tiro Onze, 11) oferece oficinas, cursos e mantém a loja colaborativa Feito em Santos, que opera como uma feira rotativa de coleções e conta, atualmente, com 32 expositores. Cerca de 600 alunos já participaram dos mais de 30 cursos oferecidos no local.
Com mais de 120 profissionais das áreas de artesanato, gastronomia e audiovisual, o Programa de Aceleração de Empreendedores Criativos, desenvolvido com o apoio do Sebrae e instituições de ensino, é um dos braços para a educação empreendedora.
O projeto expandiu ainda mais com o lançamento do Primeiros Passos, voltado a quem está iniciando ou reestruturando seus negócios. Realizado em parceria com a Esamc-Santos e Sebrae, a programação inclui oficinas sobre vendas, redes sociais, criatividade e gestão financeira.
“Santos é reconhecida internacionalmente por sua criatividade voltada à sustentabilidade. Foi sob esse tema que recebemos em 2022, pela primeira vez na América Latina, a conferência internacional das cidades criativas da Unesco. Sabemos que esse trabalho muda vidas. Oferece oportunidade de capacitação, emprego e renda às pessoas; dá dignidade. É nesse caminho que investimos: nas políticas públicas que assegurem direitos e a cidadania”, apontou o prefeito de Santos, Rogério Santos.
As feiras fixas também integram esse ecossistema: a FeirArte, considerada a primeira feira de rua criativa do Brasil, e a Feito em Santos Valongo. Outro braço importante é o Sebrae Aqui, um ponto de atendimento especializado em oferecer apoio e orientação aos micro e pequenos empresários locais, onde se oferecem orientações gerais sobre MEI e tipos de empresa, formalização, alteração e baixa de CNPJ, declaração anual de faturamento (DASN), apoio para obtenção de alvarás, inscrição em cursos e eventos do Sebrae e Informação sobre linhas de crédito, como Banco do Povo, BNDES, Pronampe e Desenvolve SP. Por ano, cerca de 5 mil pessoas utilizam o serviço gratuito lá oferecido.
BRASIL
No País, a tendência da economia criativa também demonstra crescimento. Levantamento realizado pelo Observatório Nacional da Indústria, em 2023, já havia apontado que a economia criativa geraria um milhão de empregos até 2030.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,4 milhões de pessoas trabalham com economia criativa no Brasil. A participação da economia criativa no Produto Interno Bruto (PIB) é de 3,1%, segundo o governo federal, maior que a participação de setores tradicionais da economia, como a indústria automobilística, que tem cerca de 2%.
Fotos: Carlos Nogueira, Francisco Arrais, Isabela Carrari e arquivo/PMS
Esta iniciativa contempla os itens 8 (Trabalho decente e crescimento econômico), 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), 11 (Cidades e comunidades sustentáveis), 12 (Consumo e produção responsáveis) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação) dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Conheça mais sobre os ODS.
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