Violência contra a mulher. Um guia para identificar sinais e buscar ajuda de serviços em Santos

Atos de violência contra a mulher ocorrem independentemente da idade da vítima ou classe social. Muitas vezes são antecedidos por sinais silenciosos que vão comprometendo a saúde física e emocional e a autonomia das mulheres.
Santos dispõe de uma rede de amparo em constante avanço para acolher de forma especializada essas vítimas, desde a denúncia até o suporte para a recuperação da autoestima e da vida com autonomia.
A agressão segue esquema em círculos. Identifique
A violência também ocorre de forma velada, em silência. Veja exemplos
Três caminhos para denunciar a agressão
O que fazer quando o abuso é sexual
Quais são e como acessar os serviços de apoio disponíveis na Cidade
Se você sabe, não culpe a vítima. Se você sofre, não sinta vergonha
A VIOLÊNCIA EM ESQUEMA DE CÍRCULOS
Muitas mulheres permanecem em relações abusivas por medo, vergonha, dependência financeira e falta de apoio. Fatores como a pressão social, a desigualdade de gênero e o trauma emocional também dificultam a quebra desses relacionamentos. Este cenário está conectado ao ‘ciclo da violência’.
Na primeira fase, a tensão cresce com xingamentos, ameaças e destruição de objetos; na segunda, ocorrem agressões físicas e verbais mais intensas; e na terceira, o agressor demonstra arrependimento, adota um comportamento carinhoso e promete mudar — dando início a um novo ciclo.
SINAIS DE VIOLÊNCIA ‘EM SILÊNCIO’
É possível identificar sinais de abuso em atitudes que vão além das agressões físicas visíveis.
É VIOLÊNCIA FÍSICA - empurrão, tapa, chute, estrangulamento
É VIOLÊNCIA SEXUAL - relação forçada, inclusive pelo parceiro
É VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA - humilhação, ameaça, xingamento, isolamento
É VIOLÊNCIA PATRIMONIAL - quebra de objetos, controle ou retenção de dinheiro
É VIOLÊNCIA MORAL - calúnia, difamação, injúrias
É VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL - negligência ou omissão de atendimento por órgãos públicos e por discriminação, como no caso de preconceito por orientação sexual.
COMO DENUNCIAR O AGRESSOR
Deixar uma relação abusiva é um processo difícil, mas possível — e há canais de denúncia e iniciativas em Santos para auxiliar neste processo e proteger as vítimas. Confira abaixo:
- As vítimas de violência devem procurar a Delegacia de Defesa da Mulher, que fica na Rua Assis Corrêa, 50, Gonzaga. O telefone é (13) 3223-9670. Também é possível ir à delegacia de polícia mais próxima e registrar o boletim de ocorrência. Denúncias de casos de violência também podem ser feitas pela Central de Atendimento à Mulher 180 (ligação gratuita).
- Também é recomendado acionar a Coordenadoria de Assistência Judiciária Gratuita e Orientação Jurídica ao Cidadão (Cadoj), que atende na Rua General Câmara, 5, 14° andar, Centro Histórico. Contato (13) 3201-5632. Ou a Defensoria Pública do Estado, na Rua João Pessoa, 241, Centro Histórico. Telefone (13) 2102-2450.
- As denúncias também podem ser encaminhadas ao portal da Polícia Civil www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br e ao WhatsApp (61) 9610-0180.
OCORRÊNCIAS DE ABUSO SEXUAL
Vítimas de abuso sexual devem procurar atendimento médico nas primeiras 72 horas em uma das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade. As opções são: UPA Central, na Rua Joaquim Távora, 260 – Vila Belmiro; UPA Zona Noroeste, na Avenida Jovino de Melo, 919 – Areia Branca; ou UPA Zona Leste, na Praça Visconde de Ouro Preto s/nº, Estuário.
Caso ultrapasse esse período, vítimas residentes em Santos serão atendidas no PAIVAS (Programa de Atenção Integral às Vítimas de Violência Sexual), localizado na Avenida Conselheiro Nébias, 267, 1º andar. O atendimento é realizado por equipe formada por médicos, psicólogos e assistentes sociais. O contato pode ser feito pelos telefones (13) 99743-7928 ou (13) 3235-6466, ou ainda pelo e-mail paivas@santos.sp.gov.br. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
SERVIÇOS E ACESSOS
CREAS e CRAS
São serviços fundamentais de assistência social que oferecem atendimento, acolhimento e orientação para mulheres em situação de violência ou vulnerabilidade. Consulte aquoi os endereços das unidades.
CASA DAS ANAS
O equipamento funciona como um lar para uma fase de transição na vida de mulheres em situação de risco social. Ali, elas - e seus filhos - têm abrigo garantido, suporte psicológico e social e encaminhamento para cursos de capacitação com objetivo de ingresso no mundo do trabalho. As Equipes de Abordagem (Secretaria de Desenvolvimento Social), Centro Pop, Abrigos e o Creas são portas de entrada para esse serviço.
ABRIGO SIGILOSO E CASA DE PASSAGEM
Santos segue as diretrizes da política nacional de enfrentamento à violência doméstica e conta com duas estruturas fundamentais: a Casa Abrigo Sigiloso e a Casa de Passagem, que garantem acolhimento, proteção e apoio integral às mulheres que precisam sair do ambiente agressivo e que já passaram pelos serviços de assistência social.
VARA ESPECIALIZADA
No ano passado, Santos passou a ser a primeira cidade da Baixada Santista com uma Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. O objetivo deste avanço é realizar um atendimento especializado às mulheres, como, por exemplo, na abordagem à vítima durante a audiência, dando maior atenção à Lei Maria da Penha.
GUARDIÃ MARIA DA PENHA
O programa faz o acompanhamento com visitas periódicas à casa das vítimas e mantém contato via telefone para qualquer problema que elas venham a enfrentar. Além de os agentes conferirem se a ordem judicial está sendo cumprida, ainda orientam a vítima sobre os serviços municipais que ela pode utilizar.
CASA DA MULHER
Novo equipamento que oferece capacitação, acolhimento e escuta à mulher, a Casa da Mulher (Avenida Rangel Pestana, 150) inaugurou, este ano, uma sala totalmente dedicada aos atendimentos do Programa Guardiã Maria da Penha. No local, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, há integrantes da Guarda Civil Municipal para acompanhar medidas protetivas e reforçar a ação, que busca garantir a integridade física e moral das vítimas
O local também oferece atendimento jurídico gratuito, realizado pela Coordenadoria de Assistência Judiciária Gratuita e Orientação do Cidadão (Cadoj) às segundas, das 9h às 13h, ou quartas-feiras, das 13h às 17h. Durante o atendimento, a vítima, ao levar RG, CPF, comprovante de residência, de renda do grupo familiar e outros documentos relativos à ocorrência, pode receber orientação ou assistência jurídica gratuita (esta última destinada para qualquer mulher cuja renda familiar seja igual ou inferior a três salários mínimos).
NÃO CULPE A VÍTIMA. NÃO É VERGONHA
Independentemente do tempo de relacionamento, das vezes em que a relação foi retomada ou dos sentimentos que a mulher ainda possa nutrir, a culpa nunca deve recair sobre a vítima. Também é fundamental compreender que estar em situação de risco e buscar ajuda não é motivo de vergonha. Há pessoas e serviços disponíveis para oferecer apoio, romper esse ciclo de sofrimento e proporcionar um recomeço mais leve, saudável e repleto de novas descobertas.
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