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SP - Litoral,04/12/2024

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    Primeiro dia da 16ª Tarrafa Literária lota Teatro Guarany em Santos

    Fonte: santos.sp.gov.br
    Primeiro dia da 16ª Tarrafa Literária lota Teatro Guarany em Santos

    Caterina Montone

    Unindo olhares curiosos, paixão pela literatura e corações que buscam conhecer novas histórias, a 16ª edição da Tarrafa Literária, um dos maiores festivais literários do Brasil, teve início nesta quinta-feira (31), no Teatro Guarany, localizado no Centro Histórico, em Santos. O primeiro dia reuniu reflexões sobre a contemporaneidade com a presença de grandes escritores brasileiros. 

    Diretamente da Academia Brasileira de Letras (ABL), o público foi ao delírio quando ouviu o nome da autora, antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz ser anunciado como a primeira atração do festival. A atual ocupante da cadeira número 9 da ABL subiu ao palco do teatro santista ao som das palmas entusiasmadas de grandes fãs. A honra não é para menos: Lilia esteve presente para falar do seu último trabalho, o livro ‘Imagens da branquitude: A presença da ausência’. 

    Lançado em agosto deste ano, a obra traça paralelos do século 16 com o presente através de mapas, fotografias, publicidade e monumentos públicos criados neste período e lidos, até então, de forma inocente pela sociedade, mas que exibem práticas do racismo. O livro busca ‘desnaturalizar’ essas concepções mostrando que os documentos visuais apresentados carregam uma interpretação específica daquilo que é representado.

    “A nossa história é real. Ela existe, mas está em um lugar da memória de quem lembra só um pouco e esquece muito, mostrando que a branquitude é um local histórico que se organiza no passado, mas se prescreve no presente. Com isso, estamos falando da vastidão de privilégios que são simbólicos e estão sendo expostos nesta coletânea. Quem nunca se deparou com uma imagem que, à princípio, não tinha significado algum, mas atualmente carrega um teor racista?”, perguntou a autora.

    E na missão de mediar a conversa, José Luiz Tahan, livreiro com mais de 30 anos de experiência no mercado editorial e idealizador do evento, falou sobre a sensação de presenciar mais uma edição da Tarrafa Literária ganhar vida. “Estamos em um momento incrível, em que dedicamos o tempo do nosso bate-papo a obras que estão abraçadas à história. Ainda bem que o teatro está cheio”. 

    MAIS REFLEXÕES

    O ‘capítulo’ seguinte do primeiro dia do festival contou com grandes nomes da arquitetura contemporânea brasileira, com a troca de conhecimentos entre a urbanista Ermínia Maricato e o jornalista e pesquisador do segmento, Raul Juste Lores, que falou sobre sua obra ‘São Paulo nas Alturas’, um passeio pelos segredos e as belezas menos conhecidas da maior cidade do País. A roda de conversa foi mediada pela jornalista Flávia Saad. 

    Para encerrar com chave de ouro, sob a mediação do assessor de imprensa Jorge Oliveira, os comunicadores Marcelo Tas e André Barcinski se reuniram no último painel do evento para falar sobre a arte de entrevistar e repassar todas as técnicas aprendidas em uma trajetória de sucesso. 

    TEATRO CHEIO

    E tiveram aqueles que chegaram, pelo menos, uma hora antes do festival iniciar só para conseguir um lugar no Teatro Guarany, que rapidamente foi lotado pelos amantes da literatura. Mas com o sucesso da estreia da Tarrafa Literária, quem não conseguiu se antecipar, pôde aproveitar o evento por transmissão on-line ou pelo telão que transmitia os painéis ao vivo na Praça dos Andradas. 

    Mas esse não foi o caso de Célia Barbosa, 64, que chegou mais cedo só para prestigiar os ídolos Marcelo Tas e Lilia Schwarcz, juntamente à irmã, Thelma Barbosa, 67. A psicóloga se emocionou só de olhar para o espaço cheio e falou sobre a motivação de participar de mais uma edição do festival.

    “Eu e minha irmã marcamos presença em todas as edições da Tarrafa Literária. A sociedade contemporânea merece cada vez mais ser tema de debates para mostrar que estamos em uma constante luta pela nossa identidade. Temos assuntos que estão sendo estudados, como a questão da diversidade, que atravessam o Brasil e nos moldam como pessoas”. 

    FEITO EM SANTOS

    O projeto Feito em Santos, da Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo (Seectur), também marcará presença em todos os dias da Tarrafa Literária. Durante o evento, 20 artesãos da Loja Colaborativa Feito em Santos e dez empreendedores de gastronomia, que passaram pela Aceleradora Feito em Santos, estarão expondo e vendendo seus produtos na Praça dos Andradas.

    Uma das empreendedoras é Rosana Santos, 68 anos, que está à frente do ‘Delícias da Rô’ há dez anos. A doceira atraía olhares pelo espaço com suas tortas e brigadeiros gourmet e o seu bolo de cenoura, que deu água na boca em quem acompanhava a transmissão on-line pelo telão na praça. 

    “Empreender com o Feito em Santos tem sido sensacional porque temos visibilidade e espaços ótimos para expor nossos produtos. Graças à iniciativa, hoje eu faço encomendas para aniversários, confraternizações e até adoçar a tarde de quem precisa. O evento de hoje bombou, então eu espero que seja o melhor dia possível de vendas”, ansiava Rosana. 

    A TARRAFA LITERÁRIA

    Um dos festivais mais longevos do segmento no País, a Tarrafa Literária conecta autores e leitores a um movimento de inclusão, interação e descontração desde 2009. O evento já alcançou a marca de mais de 100 mil participantes em suas edições anteriores e milhões de usuários nas mídias sociais. Com uma ampla programação democrática, a iniciativa promove a troca de ideias e o incentivo à leitura dos mais diversos gêneros.

    O evento teve sua abertura na última quarta-feira (30), realizada no Sesc-Santos. Durante a ocasião, o público pôde desfrutar da apresentação do cantor e instrumentista brasileiro Edvaldo Santana, que agitou o show com um repertório de clássicos da MPB. 

    O momento também contou com a homenagem ao autor e dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999), conhecido pelas obras ‘Dois perdidos numa noite suja’ e ‘Navalha na carne’. O escritor é um dos maiores dramaturgos brasileiros e é relembrado até hoje por sua escrita visceral, abordando temas marginais e realidades sociais esquecidas. Plínio refletia sobre a brutalidade e a pobreza, violência e injustiça social, sempre dando voz a personagens das periferias.

    PROGRAMAÇÃO

    A Tarrafa Literária seguirá com uma ampla programação até o dia 3 de novembro e contará com uma edição especial no Centro Cultural Português, no dia 14 de novembro. Ao todo, mais de 40 autores brasileiros e internacionais estarão presentes em palestras, shows, sessões de autógrafos, além de atividades voltadas ao público infantil.

    As atrações de todos os dias podem ser conferidas no perfil oficial do evento pelo Instagram @tarrafaliteraria ou site https://tarrafaliteraria.com.br/

     





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